O Dever Masculino do Amor

Um de meus tios achava que fazia parte de sua masculinidade não revelar a ninguém, nem a sua esposa, o quanto ganhava por mês. Acho que ela nunca soube. Ele nunca deixou faltar nada; só não deixava ninguém saber de sua vida financeira. Fechado, calado, embora manso, meu tio representava um tipo de homem, que ainda existe, mesmo à margem.
Com a mudança nos papéis femininos, também incluídas no mercado de trabalho fora de casa, este perfil deixou de ser predominante. O compartilhamento de informações e de contas a pagar, por exemplo, tornou-se um ideal em muitas sociedades.
Tanta foi a transformação que os papéis de homem e mulher deixaram de ser distintos, confundindo-se até. Em algumas situações, o resultado tem sido uma sobrecarga sobre a mulher, encarregada de papéis múltiplos, dentro e fora de casa. Sozinha, ela acaba não dando conta de seu papel; não por ocaso, a expectativa de vida da mulher, que era muito maior, vai se aproximando da média do homem.
A insatisfação feminina, tanto o peso e tanta a omissão dos seus cônjuges, vai se ampliando, especialmente diante do ideal maior pelo qual ela se casa: o desejo do companheirismo.
O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, percebeu esta dinâmica na relação marido-esposa, ao propor a submissão mútua, da qual derivam a submissão feminina e o amor masculino, como deveres capazes de permitir o prazer e o compromisso em dimensões saudáveis.

Escrevendo aos efésios, ele estabelece a regra áurea para a vida familiar:
“Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo” (verso 21).

Em seguida, em três versos e meio ele oferece o dever feminino (versos 22-24; 33b):
“Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos” (versos 22-24). (…) Portanto, (…) a mulher trate o marido com todo o respeito” (33b).

Ao tratar do dever masculino, o apóstolo desenvolve em oito versos e meio seu argumento, a partir da mesma idéia da submissão mútua (25-33a):
“Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável. Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu próprio corpo. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo.
Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, (30) pois somos membros do seu corpo. (31) “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne.” [Gênesis 2.24] Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja.
Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo” (versos 25-33a).

O CONTEXTO PAULINO
Quando chamei de inspirada esta palavra, não o fiz apenas por crer na inspiração divina para a Bíblia, mas notar o quão fora de contexto está a instrução paulina no ambiente em que viviam, ele e seus leitores.
A idéia do amor (ágape) como uma exigência para o homem era algo muito estranho para o seu tempo. Em sua época, o esposo/pai era o chefe absoluto da família; ele era o senhor de sua esposa, de seus filhos, das esposas dos seus filhos, dos sobrinhos, dos escravos e dos libertos, podendo dispor deles e de suas vontades, o que incluía levá-los à morte. O mundo romano, portanto, era o mundo do homem, que tinha decidia até se um bebê viveria ou não. O poder masculino na família era absoluto. Ele podia matar uma mulher que lhe fosse infiel.
A propósito, o homem não mudou muito neste quesito. Segundo uma pesquisa feita no Brasil, 17% das mulheres declararam ter sofrido algum tipo de violência doméstica em suas vidas. Deste total, mais da metade (55%) afirmou ter sofrido violência física, seguida pela violência psicológica (24%), violência moral (14%) e violência sexual (7%). (SENADO FEDERAL. Violência doméstica contra a mulher). 
Em Roma, a maioria dos casamento era arranjada. A partir dos 12 anos, a mulher podia se casar, mas isto acontecia geralmente aos 14 anos. O divórcio podia ser obtido com facilidade, sem apresentação de provas. Tullia (79-45 a.C.), irmã do grande orador Cícero, se casou aos 16, ficou viúva aos 22, casou-se aos 23, divorciou-se aos 28, casou-se de novo aos 29, divorciou-se novamente aos 33 e morreu aos 34 anos de idade.
Diferentemente das mulheres atenienses, mantidas segregadas, as mulheres romanas, cuja função essencial esperada era a da maternidade, podiam fazer compras e coordenavam a vida no interior da casa, para onde os homens voltam tarde da noite, depois de terem se encontrado com os amigos num banho público.
O amor conjugal era absolutamente irrelevante. Em muitos casos, o amor era visto como ridículo e não como algo a ser buscado. Pompeu foi considerado efeminado por causa de seu amor para com sua jovem esposa Júlia. Falar de amor em público era inaceitável. Os casais não se beijavam em público, nem mesmo no rosto.
Este padrão autoritário venceu os séculos, chegando suavizado aos nossos dias. Encontramos também, especialmente depois das transformações sociais e econômicos a partir do século 19, homens omissos, como se vivessem à parte de sua família.
A recomendação bíblica é clara: o marido deve amar a sua esposa como a si mesmo. Esta instrução, assim sintetizada, é expandida pelo apóstolo Paulo em quatro orientações.

1. Há uma especificidade de papéis.
A primeira orientação bíblica, neste contexto, é que marido e mulher têm papéis complementares na vida conjugal.
O marido não deve pode e não deve ser autoritário. A liderança de que é incumbido não é para ser exercida despoticamente, mas com amor. Quem ama não se omite. A omissão provoca uma confusão de conseqüências dramáticas.
O homem precisa entender qual é o seu papel.
Primeiramente eu me dirijo aos jovens que ainda não se casaram. Na Bíblia, um homem é chamado a ser homem, o que significa cumprir seu papel como marido e pai. Exceto para quem tem o dom do celibato (dom vindo de Deus, não “dom” vindo das frustrações com as meninas), o objetivo de todo jovem cristão deve ser casar-se e ter filhos.
O casamento é algo extraordinariamente bom. “O casamento é um dom grandioso de Deus. Ele nos faz adentrar o estranho e espantoso mistério de uma ‘só carne’ em toda a sua plenitude. Trata-se de um presente a ser recebido reverentemente e a ser nutrido com ternura”.(FOSTER, Richard. Dinheiro, sexo e poder. 2a ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2005, p. 136.) 
A família é uma providência divina, logo extraordinariamente boa. Por isto, todo jovem cristão deve aspirar tornar-se um esposo com quem sua esposa gostaria de estar casada e um pai em que os filhos confiam e a quem respeitam. É nisto que reside a verdadeira masculinidade.(MOHLER, Albert. For Guys Only: The Marks of Manhood)
Em segundo lugar, falo aos homens casados. Depois do modismo do homem metrossexual, fala-se agora no homem retrossexual, que volta a valorizar a masculinidade. Um professor de Harvard lançou um livro, que não é único na bibliografia do início do século 21, para propor uma espécie de renascimento da masculinidade, daí a expressão retrossexual. Harvey Mansfield propõe uma espécie de machismo esclarecido (MANSFIELD, Harvey. Manliness. Yale (New Haven:Yale University Press, 2006). Para ele, “os homens devem parar de ter vergonha de ser homens”. (DÁVILA, Sérgio. Masculinidade voltou à moda, diz professor de sociologia. Folha de S.Paulo, 30.7.2006).
Modismos à parte, porque outros ainda virão, a masculinidade é a aceitação do homem do seu papel na família e na sociedade, tal como demandada por Deus na Sua Palavra. E que papel é este?

1.1. Cabe ao marido tomar a iniciativa no estabelecimento das prioridades e dos objetivos da sua família. Muitas vezes os familiares pensam suas vidas num horizonte muito curto, sem uma perspectiva de longo prazo. Cabe ao marido/pai ter uma visão mais ampla. Seu amor o capacita a tanto. Sua experiência profissional o habilita para tal. Isto não quer dizer que está liberado para se tornar um ditador e estabelecer unilateralmente essas prioridade e esses objetivos. Tudo deve ser discutido, cabendo ao marido/pai tomar a iniciativa de pôr tudo na mesa para reflexão coletiva.
Para tanto, o homem precisa se comprometer a buscar sua própria maturidade, para que com ela possa contribuir para a maturidade dos outros. Ele precisa de coragem para decidir e agir, mesmo sob pressão. Ele precisa viver de modo íntegro, para que seja exemplo para sua esposa, seus filhos e sua comunidade.

1.2. Cabe ao marido tomar a iniciativa no desenvolvimento da formação espiritual da sua família. O marido é o primeiro pastor de sua esposa. O pai é o primeiro pastor de seus filhos.
Agora, nenhum homem será um líder espiritual em sua família não estiver em comunhão com Deus em sua vida pessoal. Ele pode até exercer liderança, mas nunca liderança espiritual; ele pode ser um líder segundo padrões humanos, mas nunca um líder ao modo de Cristo.
Todo homem cristão que deseja ser um marido ou pai segundo o padrão bíblico deve trabalhar duro diante de Deus na solicitude de sua própria vida de oração. Ele deve se dedicar diariamente à leitura da Bíblia e à oração. Ele deve lutar a luta da fé em sua própria alma antes de querer ser líder em sua família. (PIPER, John. Adam, Where Are You?)

1.3. Cabe ao marido tomar a iniciativa da reconciliação nos tempos de conflito. Para tanto, ele precisa buscar o equilíbrio emocional, inclusive nas palavras. Ele precisa desenvolver a virtude da paciência e a capacidade da calma.
Quando a vida familiar mergulha na intolerância, é tarefa do marido/pai promover a concórdia. Quando a vida familiar afunda na desavença, é tarefa do marido promover a paz. Se ele fracassar, dificilmente haverá tolerância e paz em sua casa. Ao contrário, “quando homem tem a graça de humildade e da coragem de fazer estas coisas, o poder Cristo é exaltado e o coração de sua esposa se alegria e seus filhos se desenvolvem saudavelmente e todos o chamam bem-aventurado”. (PIPER, John. Adam, Where Are You?) 

Homem, se sua família não sabe quais são as suas prioridades, andando atrás do vento, onde está você?
Homem, se sua família não cresce espiritualmente, oscilando entre a fé e a superficialidade, onde está você?
Homem, se sua família não experimenta a paz, mas tem permitido que os conflitos a consuma, onde está você.
Aceite o papel que a Palavra de Deus lhe oferece.

2. O marido deve amar a sua esposa.
A segunda orientação que vem de Deus para o homem é sobre o fundamento de suas relações conjugais. O fundamento é o amor — e Paulo o repete três vezes:
. “Maridos, ame cada um a sua mulher” (verso 25)
. “Os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu próprio corpo” (verso 28).
. “Cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo” (verso 33a).

Paulo não deixa que o amor se perca apenas em desejos, ao colocar um modelo objetivo para este amor: o amor de Cristo para com a igreja deve ser o parâmetro para o amor do homem para com sua esposa.

Quem pode amar assim? O marido cristão deve ter este amor como sua meta. A cada dia deve avaliar se seu modo de amar sua esposa está mais parecida com o modo de Cristo amar a sua igreja. Este é o amor que não se esconde atrás de palavras, que não se contenta com pequenos gestos.

Como é este amor? É o amor de quem se entrega. Cristo amou a igreja e se entregou por ela. O melhor resumo deste amor foi escrito pelo mesmo autor: “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2.3-8).

O marido que se entrega como Cristo à sua esposa nada faz por egoísmo ou por vaidade. Essas não são as suas motivações, quando presenteia, quando faz um afago, quando oferece um elogio.
O marido que se entrega como Cristo à sua esposa considera-a como superior, como melhor, como mais dedicada, como mais afetuosa que ele mesmo.
O marido que se entrega como Cristo à sua esposa não tem interesses pessoais, senão os dela e de sua família; seu trabalho é para ela; seus projetos são para ela.
O marido que se entrega como Cristo à sua esposa é o líder-servo porque é servo mesmo; é o líder que não precisa ter a última palavra, que pode ser a da esposa; é o líder que não precisa lembrar que é o líder, porque só lembra disto como missão, não como posição; é o líder-igual porque é igual mesmo; é o líder que se submete; é o líder que se humilha, se a família vai vencer.

Para que serve este amor?
A argumentação de Paulo sobe célere de nível.
O amor do marido que quer ser semelhante ao amor de Cristo santifica a sua esposa. Cristo podia santificar a igreja porque era santo; o marido santifica a esposa quando é santo. Quando leva a sério a sua vida com Deus, o marido abençoa a sua esposa. Quando ele ora por ela, ela é abençoada. Quando santifica o seu corpo só para ela, mantém santo o leito e o lar.
O amor do marido que quer ser semelhante ao amor de Cristo olha para ela como não tendo mancha ou ruga. Na vida conjugal, os anos passam e corpo pesa, flácido ao tempo. Mas os olhos que o vêem estão mais cheios de amor, suficientes para ver o lindo rosto do beijo no altar com a mesma beleza, embora mais madura; são olhos amorosos para sentir no corpo da esposa o mesmo prazer dos primeiros encontros. Ah, isso é cegueira! Não é cegueira: é mistério.
O amor do marido que quer ser semelhante ao amor de Cristo se envolve com a sua esposa para escrever juntos uma nova história. Afinal, ele é osso do osso dela, ela é carne da carne dele. Um é parte da vida do outro, sem lugar para mentiras, sem lugar para segredos, sem lugar para vidas paralelas.

A qualidade de vida que deve existir entre marido e mulher deve ser a mesma que deve haver entre Cristo e a igreja. Portanto, o padrão do amor conjugal é Jesus Cristo, um padrão mais elevado que a submissão.

3. O amor deve se expressar em fidelidade.
Embora não toque no tema, Paulo tem em mente a santidade do leito conjugal ou, mais claramente, a fidelidade conjugal, um padrão cristão em todos os tempos. Pouco depois do apóstolo, um autor cristão desconhecido descreveu assim os seguidores de Jesus Cristo: “Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Põem a mesa em comum, mas não o leito; estão na carne, mas não vivem segundo a carne” (Epístola a Dioneto, 5).
O contexto paulino era de casais infiéis, especialmente em função do comportamento masculino. Ao longo do tempos, não tem sido diferente. No Brasil, estima-se que 75% dos casamentos desfeitos tiveram no adultério a sua causa. A infidelidade é facilitada pela saturação das tentações ou, mais diretamente, pelo excesso de ofertas ou oportunidades.

O adultério masculino acontece quando o homem torna supremo na sua vida a realização do prazer sexual. O principio do prazer sexual sempre desejará ser supremo e, quando ele é entronizado na prática como tal, os limites afetivos morais e espirituais serão rompidos, e o homem cairá na teia que armou. Ele se achará dominador ou conquistador, mas foi dominado pelo instinto ou conquistado pela mulher. O homem que quiser ser um vencedor precisará ter domínio sobre o seu desejo. Para tanto, ele precisa desejar dominar o seu desejo, se quiser que seu voto de fidelidade não seja quebrado.
Quem é casado não pode esquecer que a tentação provoca a luxúria, comparada por um autor a um “macaco que vive se remexendo em nosso ventre. Não importa quanto o domemos durante o dia, ele aparece com sua fúria selvagem em nossos sonhos à noite. Quando achamos que que estamos a salvo, eis que ele ergue a sua cabeça medonha e dá uma risadinha, e não há rio no mundo cujas correntes sejam frias e fortes o suficiente para abatê-lo. Deus Todo-Poderoso, porque adornas o homem com um brinquedo tão odioso?” (BUECHNER, Frederick. Citado por FOSTER, Richard. Dinheiro, sexo e poder. 2ª ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2005, p. 111.)

O adultério masculino acontece quando o homem perde o sentido essencial da vida, que é entrega, e o sentido da vida conjugal, que é encontro. Eros precisa ser primeiro ágape. Amor ágape é amor que subordina os próprios interesses, os próprios prazeres e a própria personalidade aos interesses, aos prazeres e à personalidade do outro. É amor sacrificial, se for necessário, como o de de Antônio por Francisca (nomes fictícios). Francisca foi submetida a uma cirurgia que a deixou em estado vegetativo por 25 anos. Nos primeiros anos, Antônio cuidava dela, junto com o trabalho. Aposentou-se mais rápido para cuidar melhor dela, especialmente do corpo dela, que não esboçava qualquer sinal. Nunca reclamou, mas agradecia por ela estar viva. Nunca cogitou deixá-la, porque o seu amor permaneceu inalterado, mesmo que não fosse alimentado por sua esposa. Enquanto esteve vivo, cuidou dela, porque ela viveu dois anos mais que ele…
O amor sacrificial não se sabe sacrificial, como o de Sérgio por Sônia (nomes fictícios). Ele se mudou de uma cidade para outra, já aposentado. Quando perguntado por que, dizia que era para cuidar melhor do seu amor, da sua fofura, da razão da sua vida, da sua querida. A nova cidade oferecia mais recursos. Na igreja, sempre agradecia por sua esposa. Quando alguém insistia, ele contava a história toda: sua esposa tinha o mal de Alzheimer. O modo como falava dela vinha de alguém que amava a sua esposa com a mesma intensidade do tempo em que ela era saudável mentalmente.
O adultério masculino acontece quando o marido condiciona seu amor à perfeição de sua mulher. A perfeição não existe. O marido não deve deixar de amar sua mulher por causa da imperfeição dela. Cristo conhecia as imperfeições da igreja, e a amou assim mesmo, ou por isto mesmo a amou.
A fidelidade não pode depender da perfeição do cônjuge. O companheirismo não pode depender da perfeição do cônjuge. Sou apaixonado pela declaração de amor encontrada em Cântico dos Cânticos, em que a amada diz para o seu amado: “Coloque-me como um selo sobre o seu coração; como um selo sobre o seu braço; pois o amor é tão forte quanto a morte, e o ciúme é tão inflexível quanto a sepultura. Suas brasas são fogo ardente, são labaredas do Senhor” (Cântico dos Cânticos, 8.6).
A fidelidade é um selo sobre o coração da pessoa amada. O companheirismo é um selo sobre o braço da pessoa querida. O amor é tão forte quanto a morte. As brasas do amor são fogo ardente; são labaredas que Deus põe no coração para alimentar a fidelidade.

Quem pode amar assim, fielmente, puramente, verdadeiramente? De modo perfeito, só Cristo, em relação à igreja. É este amor que é colocado como padrão para nós. Há um mistério na vida conjugal: a entrega é um mistério, já que não é natural, mas espiritual. De nossa natureza carnal, só pode esperar o adultério. De nossa natureza espiritual podemos esperar a fidelidade.

Se você é um marido fiel, continue sendo fiel. É sua obrigação. Deve ser seu prazer.
Se você não está sendo fiel, mude a sua vida. Não espere ser descoberto. Deus já descobriu a sua infidelidade. Acerte sua vida.

4. O amor deve se expressar no companheirismo.
Voltando à declaração de amor encontrada em Cântico dos Cânticos, o amor é um selo sobre o braço da pessoa querida.
Se a mulher precisa entender que o seu marido encontra no ato sexual a sua realização, o marido precisa compreender que é no companheirismo (no estar ao lado, no estar com) que ela se realiza. É por isto que ela clama e, às vezes, reclama. Assim, o amor do marido que se quer ser semelhante ao amor de Cristo ser mostra no companheirismo.
O amor do marido que quer ser semelhante ao amor de Cristo se mostra no cuidado, seja ele material ou espiritual. Quem ama à esposa cuida dela como o mesmo cuidado que tem de si mesmo. Mesmo que você não ligue muito para a sua saúde, ligue para a dela. Você pode até não ter um plano de saúde, mas ela precisa ter um. Este cuidado deve transcender sua própria vida. O marido deve pensar na subsistência da esposa, mesmo depois que ele se for.
O amor do marido que quer ser semelhante ao amor de Cristo se mostra no respeito que conquista, não pela palavra dura mas pela suavidade, não pela imposição do medo mas pelo testemunho.
Você ama a si mesmo mais que ao seu trabalho, mais que à sua carreira, mais que à sua posição, mais que à sua conta bancária, mas que a seus estudos, mais que ao seu carro, mais que à sua biblioteca, mais que ao computador? Do mesmo modo, você deve amar sua esposa: mais que ao seu trabalho (então, não reclame do ciúme que ela tem do tempo que você dedica ao trabalho), mais que à sua carreira (não ache que ela não está interessada no seu sucesso), mas que à sua posição (não pense que ela não se orgulhe de você, mesmo que nunca o diga), mais que sua à conta bancária (logo, não brigue com ela por causa de dinheiro, que é de vocês, não seu), mais que seus estudos (não se esqueça que ela sempre lhe apoiou), mais que seu carro (que você pode trocar), mais que sua biblioteca (que é apenas um conjunto inanimado de objetos), mais que seu computador (que não pode ser seu amante)!

Veja como a está tratando. Trate-a bem, menos que não esteja sendo bem tratada por ela.

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