Cada Membro Um Intercessor
O capítulo doze do livro de Atos relata que Herodes prendeu Tiago, irmão de João, e o matou. Quando notou que os judeus, que eram contra os cristãos, ficaram contentes, ele aprisionou Pedro, pensando matá-lo também depois da Páscoa. Mas, o que aconteceu foi um pouco diferente: a igreja passou a orar sem cessar a favor de Pedro e o resultado foi que um anjo foi até a cadeia, sacudiu Pedro acordando-o. As cadeias se soltaram e o anjo lhe disse: “Cinge-te”, e Pedro se vestiu. Ao sair, passando pelos guardas, os portões se abriram e Pedro se encontrou parado na rua ainda pensando que estava tendo uma visão. Então compreendeu que não era uma visão, mas estava realmente acontecendo. Foi à casa de Maria, mãe de Marcos, onde muitos estavam reunidos orando. A pequena empregada de nome Rode veio à porta e correu de volta para avisar-lhes que Pedro estava ali! Eles não acreditaram. Ela afirmou que era verdade, mas eles disseram que era o anjo de Pedro.
A palavra “anjo” é usada alternativamente como mensageiro, na Palavra de Deus, mas o que eles queriam dizer realmente é que o espírito de Pedro havia se materializado diante dela. Talvez estivessem se referindo literalmente a um anjo, mas esta explicação é duvidosa, porque um anjo não teria tido a fisionomia de Pedro. Quando reconheceram que realmente era Pedro, ele os consolou e saiu para um novo nível de ministério.
Não compreendemos o quanto os ministérios são desgastados, se o Corpo inteiro não estiver funcionando. Se o fundamento apostólico for bem colocado, a obra continua quando o apóstolo vai embora; mas, se não for colocado apropriadamente, você pode começar neste caminhar e se perder porque não é alimentado ou sustentado por um ministério a quem Deus ordenou ser essencial. O mesmo é verdade para o profeta, presbítero ou qualquer outro ministério a quem Deus tenha levantado. Você não pode existir, nem se propõe que você exista sem eles. Por outro lado, como pode o apóstolo ou o profeta ou qualquer outro ministério funcionar sem que o povo tenha o fardo de orar e interceder por eles? E o povo ainda menospreza o ministério da intercessão. Paulo sabia da necessidade de orar e escreveu implorando que seus filhos na fé orassem por ele. Ele sentia uma dependência total das pessoas que realmente eram seus filhos espirituais. Pedro estava na cadeia, mas oraram sem cessar por ele e Deus o libertou.
Por que Deus não libertou Tiago? A morte dele foi uma grande perda para a igreja. Ele era um dos três no círculo mais íntimo que conheciam os segredos, um dos três que estiveram no Monte da Transfiguração e que viram a glória do mundo porvir, um que viu Moisés e Elias e escutou o diálogo a respeito do Reino vindouro. Eram Pedro, Tiago e João. Agora, Tiago se fora. Parece uma verdadeira tragédia. Se a igreja não tivesse ficado parada, bastante sossegada e acomodada em Sião, eles teriam orado e buscado a Deus; mas não o fizeram e Tiago morreu. Isto foi a vontade de Deus? Teremos de admitir que foi, porque isto ocasionou algo: a igreja foi levada a dobrar os joelhos para orar e buscar ao Senhor.
Deus pode passar bem sem nenhum de nós, e Satanás sabe disto. Deus não tem um plano difícil e urgente que é irrevogável. Ele diz: “É isto o que quero que seja feito”, e lança no seio do Corpo para ser realizado. A mão de Deus não está operando soberanamente nada neste mover do fim dos tempos, porque é o tempo do funcionamento do Corpo de Cristo, com os membros individuais submissos ao Cabeça e abrindo seus corações para adorar ao Senhor em tudo que Deus lhes disser para fazer. Estes membros do Corpo são os que vão fazer os milagres, sinais e maravilhas na terra. O julgamento e a libertação vão vir através do remanescente. A restauração será para o remanescente. Deus está levantando um povo e Ele vai usá-lo.
Estamos num dos momentos mais críticos de todas as épocas, e Deus está nos dando uma confiança especial no Espírito, para alcançarmos agora o que Ele tem para nós neste caminhar do Reino. Precisamos entrar nele com todo o coração, em nome do Senhor. Não ousamos retroceder, mas precisamos insistir e Deus nos abençoará nisto.
Com o passar dos anos, temos observado várias fases da restauração chegarem. Duras e amargas eram as batalhas, quando rompíamos em uma revelação após outra. Depois de jejuar e buscar a Deus, as profecias vinham, trazendo a revelação de onde estávamos indo. Então, atravessamos a batalha para possuir o prometido e podíamos ver as primeiras evidências do cumprimento das promessas, passo a passo.
Seria bom algumas vezes revermos o que aconteceu nestes últimos vinte anos. Algumas coisas que são bem aceitas agora, vieram de uma maneira difícil, mas sempre por um padrão certo: uma revelação, luta satânica contra ela, apropriação, entrar nelas debaixo de batalha até que estivessem ali, realmente estabelecidas. Às vezes, as coisas faladas por Deus são apropriadas somente depois de muita batalha. Enquanto continuamos batalhando, achando que não vai haver fim, de repente elas estão ali e a vitória é muito grande e maravilhosa.
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa” (Oséias 6:3). Uma melhor tradução é: “Sua vinda é tão certa quanto a manhã”. O diabo pode impedir a aurora? Pode ele impedir o que Cristo está trazendo à luz no Seu povo? A vinda do Senhor é tão certa como a manhã!
“Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo” (Efésios 6:18-20). Esta é a famosa conclusão da maravilhosa passagem sobre a luta espiritual. “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo” (Versículo 11). A passagem prossegue dando a descrição da armadura, mas termina com a dedicação perseverante da oração. Sempre achamos que, para a igreja progredir, deve haver um fardo de intercessão em cada um.
Quando lemos a respeito do apóstolo Paulo, descobrimos que ele estava orando sempre no Espírito, com toda oração e súplica, fazendo menção de seu povo em suas orações, dia e noite. A intercessão era parte integrante do ministério apostólico. Certos profetas e mestres em Antioquia estavam ministrando ao Senhor continuamente com jejuns e orações. Era parte do ministério do profeta. Você pode imaginar um pastor que não ora e intercede por seu rebanho? Eu duvido que possa haver um verdadeiro ministério de presbítero que não ora e intercede pelo povo. No Novo Testamento o rebanho era constantemente ordenado, no Espírito, a orar por aqueles que estavam sobre eles no Senhor. “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma” (Hebreus 13:17).
A intercessão pode ser tecnicamente um ministério individual e específico, mas é uma realidade espiritual que a intercessão esteja sempre ligada a outro ministério. Onde existe um ministério específico, a intercessão está sempre envolvida. Seja quem for, você, tecnicamente, tem o ministério de intercessão. Qualquer que seja o seu ministério, você tem o ministério de intercessão. Em Atos 6:34, os apóstolos disseram: “Encontrem alguns diáconos para cuidarem desta tarefa; nós nos daremos continuamente à palavra de Deus e à oração”. Havia uma dedicação constante.
A intercessão pode ser um ministério específico, mas seremos mais sábios se considerarmos que cada um na igreja, qualquer que seja o seu ministério, deve estar profundamente envolvido na intercessão. Quando alguém começa a excluir todas as outras atividades, para dedicar-se a interceder, existe uma tendência a cair em orgulho espiritual ou em outros problemas. Deus está nos trazendo agora a um lugar, onde nada vai se mover, a não ser que haja uma intercessão verdadeira. Alguns podem ter uma unção muito grande para interceder, mas todos precisamos participar da intercessão, especialmente ao nascer deste grande passo no Reino. Tenho certeza de que Deus se agradará de algumas orações verdadeiras.